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Haverá uma III Guerra Mundial?

A tragédia na Ucrânia vai muito além de uma invasão localizada ou de uma guerra por procuração. Depois da II Guerra Mundial, este é o embate de maiores repercussões internacionais até aqui. Os casos da Coreia, Vietnã, libertação das antigas colônias da África e da Ásia, no âmbito da Guerra Fria, embora implicassem disputas indiretas das grandes potências, nem de longe tiveram reverberação semelhante à atual. Idem as invasões da OTAN e dos EUA na antiga Iugoslávia, no Iraque, na Líbia, no Afeganistão e em outras partes do mundo, no bojo na unipolaridade imperial.

Pode-se dizer que estamos diante do maior conflito global desde a queda de Berlim e da rendição do Japão, em 1945. A brutalidade das sanções econômicas (com a respectiva tragédia humanitária em construção), o cerco midiático a Moscou e a preocupante russofobia incentivadas por Washington são – como bem observa Vladimir Putin – declarações de guerra. Não aprecio o conceito de guerra híbrida, pois desde o Peloponeso nenhuma guerra se resolveu apenas na ponta das armas. Os oponentes sempre se valeram de um variado leque de expedientes para quebrar a espinha do inimigo.

A guerra da Ucrânia – se tivermos uma métrica política e flexível – é assim uma guerra global inédita. Por acontecer num momento de integração midiática avançada, todos os países e governos de uma forma ou de outra implicam-se na contenda, assim como uma porcentagem inédita de pessoas ao redor do planeta.

O palavrório elitista de que “agora todo mundo é especialista em Ucrânia”, além de disseminar a noção de que política é para poucos, tenta esconder a abrangência, o impacto e a profundidade desse confronto na vida dos/as cidadãos/ãs comuns de todos os países. Preços de energia, de alimentos e encadeamento da inflação com crises econômicas são e serão consequências duradouras da hecatombe na Eurásia. Assim, é vivamente salutar que mais e mais gente opine e se coloque sobre o assunto.

Quem viveu o período da Guerra Fria sabe o que significou Putin ordenar que colocassem seu arsenal estratégico de mísseis nucleares em alerta vermelho, deu um frio na barriga, a Rússia não estão de brincadeira [Grifo nosso].

Haverá uma III Guerra Mundial? Certamente não teremos algo semelhante ao que o mundo assistiu entre 1914-45. Entretanto, repetindo, se tivermos uma visão ampla e não convencional, perceberemos que já estamos imersos em algo próximo a isso.

Por Gilberto Moringoni

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Autor

Roberlan Nascimento

iwcosta@gmail.com

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